Procuram-se os mandantes
Em cada avaria registrada em Brasília não estava apenas a autoria da turba desatinada
Seria temer errar se foi por descaro ou desfaçatez a leniência das autoridades de segurança pública de Goiás, omissas e portanto envolvidas no maior ataque à democracia já sofrido pelo Brasil, no domingo.
Em cada fragmento de vidro, ou avaria da obra As mulatas de Di Cavalcanti, em toda cadeira quebrada ou retrato rasgado na galeria dos ex-presidentes, não estava apenas a autoria da turba desatinada.
A estratégia teria perfil de crime perfeito, pois os invasores assumiram a culpa, filmando seus próprios desvarios, despistando o bando dos verdadeiros mandantes, acima dos financiadores de condução e alimentação.
O ardil ganhou tônus rijo muito antes de o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal ser acionado com um atraso de duas horas, permitindo a depredação dos prédios das instituições da República.
Mesmo uma pessoa tola desconfiaria da permissividade para acampamentos em frente aos quarteis, nos quais a nutrição da intentona contou com inusitada compreensão, em crescente entrosamento.
Somente agora, após consumado o plano de ataque, foram desmontadas as aglomerações de terroristas, acoitados na área protegida, mesmo assim, saíram por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Embora não se possa recuperar, materialmente, grande parte do tesouro nacional extraviado, ainda há tempo de proteger a democracia, esta a maior das riquezas.
Serve o episódio de alerta da fragilidade do assessoramento militar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sugerindo cuidados visando preparar-se ao antecipar o engenho de mais surpresas.
Não se pode errar por inocência, quando se sabe ser o secretário de Segurança Pública Anderson Torres, ex-ministro da finada e inglória gestão, com a qual também se afinava o governador afastado Ibaneis Rocha.
Lava-jatistas de carteirinha, infiltrados de toda ordem, supostos arrependidos e toda malta de maliciosos não podem, sob nenhuma hipótese, ser perdoados, caso contrário outras ações nocivas trarão danos irreversíveis.
