Editorial - Agressões e resistência

Dados constam do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil

Publicado quinta-feira, 26 de janeiro de 2023 às 00:30 h | Atualizado em 26/01/2023, 01:54 | Autor: Da Redação
Um novo balanço indica o grau de perigo, com mais de um
 caso de agressão a jornalistas, em média, por dia, no Brasil
Um novo balanço indica o grau de perigo, com mais de um caso de agressão a jornalistas, em média, por dia, no Brasil -

A ascensão de governos de viés autoritário tem entre os termômetros mais precisos o aumento da violência contra jornalistas, devido à natureza desta atividade, voltada para a distribuição de notícias de interesse da cidadania.

Um novo balanço divulgado ontem indica o grau de perigo para quem exerce este ofício, com mais de um caso de agressão a jornalistas, em média, por dia, no Brasil, em 2022, totalizando 376.

Os dados constam do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, um trabalho confiável da Federação Nacional dos Jornalistas, devido ao rigor de quem vive de confirmar informações.

A redução do número em relação a 2021, quando foi registrado o recorde de 430 ocorrências, implica pensar na hipótese de fortalecimento da resistência, com a união de profissionais dos mais diferentes meios de comunicação.

Concorre para a redução de 12% o fato de as agressões terem perdido força com a perspectiva de declínio do projeto negacionista, graças à organização de uma frente ampla, afinal, vitoriosa no pleito de 30 de outubro.

A imprensa foi indevidamente substituída, no relacionamento com a principal fonte de informações do país, pelo cercadinho de admiradores do ex-chefe de Estado.

O ódio aos repórteres reverberou na população desprovida de repositório capaz de protegê-la das narrativas ofensivas, retrocedendo o Brasil ao período anterior à Revolução Francesa.

O recuo de dois séculos formou opinião pública contrária ao trabalho necessário de dar voz a todos os segmentos envolvidos em determinado contexto, de forma equilibrada.

Não raro o detrator e seus ministros, secretários e assessores foram procurados para dar as suas versões dos fatos, mas não retornavam a demanda, agredindo o princípio constitucional de ser a informação um bem público.

Fazer desacreditar este pilar do bom convívio, além de incentivar a censura, foram métodos de ataque, em clara inclinação para instituir regime de exceção, embora, felizmente, a intentona golpista não tenha prosperado.

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