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Editorial - A vontade de viver

Compaixão e a bondade têm sua justa medida quando se verifica como tratamos seres vivos de outras espécies

Publicado quarta-feira, 24 de maio de 2023 às 00:30 h | Autor: Da Redação
O pressuposto é suficiente para  criação  de políticas públicas  para proteger quem perambula sobre quatro patas
O pressuposto é suficiente para criação de políticas públicas para proteger quem perambula sobre quatro patas -

A compaixão e a bondade de caráter, traços necessários para uma pessoa dizer-se generosa e plena em sua humanidade, têm sua justa medida quando se verifica como tratamos seres vivos de outras espécies.

O afeto produzido nestes relacionamentos estabelece o grau de civilidade, tornando-se admirável o povo dedicado a cuidar de seus “bichos”, seja qual for o contexto.

Este pressuposto é suficiente para a criação emergencial de políticas públicas não apenas para proteger quem perambula sobre quatro patas, mas principalmente investir na educação de indivíduos autoproclamados “racionais”.

Falta-nos o desenvolvimento amoroso verificado no Egito, na Macedônia do Norte, na Holanda, na Índia e em regiões da China, onde culturas ancestrais reconhecem o direito aos sencientes – dotados de sentidos e vontade de viver.

Na lacuna de conhecimentos subsidiários à construção de um melhor convívio interespécies, faz-se necessário recorrer a dispositivos como os artigos 225 da Constituição Federal e o 32 da Lei de Crimes Ambientais.

A legislação vigente, no entanto, nem sempre produz limites, como no caso do município de Cravolândia, no Sudoeste baiano, ao autorizar o abate de crias soltas e sem dono, como revelou A TARDE, na edição de ontem.

O teor de inusitado, junto à indignação produzida, resultou em protestos visando modificar o decreto, embora tenha servido para mostrar como é resistente o vício do especismo.

Esta crença permite tratar os “não-humanos” como objetos, enquanto ao Sapiens cabe reinar e multiplicar sobre o planeta, tendo como desastrado efeito a destruição de si próprio.

O sofrimento provocado naqueles sem chances de defesa, em covardia suprema, tem como contrapartida o desequilíbrio gerado pela crueldade autorizada em fetiches adorados por biltres e néscios.

Salvador, no enfrentamento da questão, certamente não persuadiu toda a população a respeitar sua fauna, mas há colônias, como a de Piatã, servindo de referência para o carinho digno aos 300 mil gatos e cães nas ruas da cidade.

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