Baianos dão dicas sobre como empreender nas redes sociais
Já existem mais de 10,5 milhões de brasileiros atuando como influenciadores

Gravar story, fazer publi, presença em eventos. Essas são algumas das atribuições de um influenciador digital, a chamada “profissão do momento” e, ao que tudo indica, do futuro. O nicho pouco importa, já que há de tudo um pouco: moda, fitness, humor, gastronomia, maternidade. O que conta é a qualidade do conteúdo e o interesse dos seguidores. De acordo com uma pesquisa da Nielsen, o Brasil é líder em número de influencers na categoria Instagram, com ao menos 10,5 milhões de influenciadores na plataforma.
O especialista em marketing de influência Breno Nunes, natural de Salvador, atua em uma empresa de assessoria localizada em São Paulo, onde trabalha com influenciadores digitais. Segundo ele, apesar de outras redes estarem em crescimento, em mais de 90% das vezes, o Instagram está inserido em alguma parte do processo do marketing de influência. “Por mais que a gente escolha três ou quatro redes diferentes, o Instagram sempre estará envolvido em alguma parte do processo, seja de visibilidade, consideração, conversão”, pontua.
Apesar da soberania do Instagram quando se trata do mercado de influenciadores digitais, há outras portas de entrada para o sucesso na área. A soteropolitana Brenda Sales (@brendadesal), 25, viralizou primeiro no TikTok, durante a pandemia, com vídeos sobre as suas experiências, principalmente gastronômicas, em Salvador. Hoje, Brenda acumula mais de 90 mil seguidores na plataforma de vídeos e mais de 57 mil seguidores no Instagram. Apesar da dedicação e audiência, ela conta que o trabalho de influenciadora não é a sua principal fonte de renda. A baiana, que também é jornalista, escritora e está finalizando o curso de direito, afirma que segue investindo nas carreiras escolhidas antes da profissão de influencer acontecer. “O meu nicho de indicações do que fazer na cidade demorou muito para ser monetizado aqui em Salvador, porque as pessoas só queriam fazer contratações no modelo de permuta, me convidando sem que eu precisasse pagar, mas não estavam interessadas em me monetizar. Foi muito difícil e ainda é difícil a monetização”, diz.
Vanessa Carvalho (@vanessacarrvalho), 27, é natural de Feira de Santana e atua como influencer no ramo da moda e cabelo. Segundo ela, o seu trabalho na internet começou a partir da “necessidade de ter uma referência” de conteúdo voltado para mulheres com fios crespos como ela, já que, na época, a produção neste nicho era escassa. “Eu pensava: se eu estou aqui procurando por referências de meninas crespas, com certeza tem outras mulheres fazendo a mesma coisa. Então, decidi compartilhar tudo o que dava certo para mim, desde um produto a uma receita caseira”, conta. Hoje, com mais de 73 mil seguidores no Instagram, a feirense é convidada por marcas que dão “match” com o seu conteúdo para fechar parcerias, como eventos afro e cosméticos. Publicitária, Vanessa também tem uma agência de criação de conteúdos para marcas, de onde vem a maior parte da sua renda.
Já Julian Brasil (@jubrasil), 26, natural de Salvador, trabalha exclusivamente com produção de conteúdo para as redes sociais. A blogueira explica que, antes de começar a ser paga para fazer postagens, já atuava no Instagram por meio de permutas. Segundo Ju Brasil, as coisas começaram a acontecer, de fato, em 2020, quando passou a ganhar muitos seguidores na plataforma. “Eu caí de paraquedas no mundo da influência. Meu instagram sempre foi pessoal e, de repente, me vi cercada de seguidores, as pessoas pediam para que eu compartilhasse a minha rotina e deu muito certo”, conta. Agora com 1,6 milhão de seguidores, a blogueira tem como nichos principais o mundo da moda e sua vivência enquanto mãe e dona de casa.
Conteúdo original
Não é incomum ouvir que a profissão de influenciador digital já deixou de ser uma novidade e que o mercado está saturado. O publicitário e gerente de marketing de influência Isaac Zedecc, no entanto, discorda. Para ele, a área ainda é nova e, se houver originalidade no conteúdo, há espaço para todo mundo. Ainda segundo Zedecc, influenciadores que apostam no estilo de vida como nicho principal, o ‘lifestyle’, costumam ter mais dificuldades no crescimento e monetização, por ser um segmento mais aberto, enquanto os criadores da beleza e moda têm mais demanda comercial. O nicho do humor, de acordo com Isaac, apresenta um crescimento maior do que o normal, mas ainda é impactado pela resistências das marcas para publicidade.
E se no gigante mercado da influência digital sempre cabe mais um, o que é preciso fazer para entrar com tudo no ramo? Os especialistas em marketing ouvidos por essa reportagem concordam: o segredo é encontrar um nicho, para conquistar autoridade e credibilidade diante dos seguidores e marcas, e ter constância na produção de conteúdo. A influencer Brenda Sales também chama atenção para a importância de estudar e entender como funcionam os algoritmos das redes sociais. Vanessa diz que, quando questionada pelas seguidoras sobre como se tornar blogueira, responde que é importante ter certeza sobre a decisão. “Você quer ser influenciador ou está querendo ser porque acha que é um jeito fácil de ganhar dinheiro? Nos primeiros momentos, você não recebe de imediato, é um processo. Você precisa querer influenciar, ajudar as pessoas”, pontua Carvalho.
Mercado baiano
Que a Bahia é repleta de influenciadores digitais, isso todo mundo já sabe. Mas não é incomum ver baianos explodirem nas redes sociais e, em seguida, partirem para a região Sudeste do Brasil. A influenciadora Ju Brasil conta que pensou em mudar-se com a família, mas, por ter um bebê, decidiu descartar a ideia, por hora. A blogueira acredita que a profissão não é tão valorizada em Salvador e, devido a isso, pensa em colocar em prática o seu plano de mudança.
Para Breno Nunes, na Bahia, o mercado da influência digital está “em construção”. O especialista em marketing afirma que, em comparação às marcas do Sudeste, os valores pagos a influenciadores no território baiano deixam a desejar. “ O marketing de influência, hoje em dia, é o que mais converte em vendas, mas algumas empresas aqui da Bahia ainda não entenderam a importância disso e acabam não valorizando esses influencers”. Nunes garante que, apesar da disparidade, o mercado baiano tende a crescer.
*Sob supervisão da editoria Cassandra Barteló