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Afropunk 2023 se despede com muito estilo, emoção e um pequeno susto

Último dia de evento aconteceu nesse domingo,19, com Olodum, Alcione, Iza, Baiana System e outros artistas

Publicado segunda-feira, 20 de novembro de 2023 às 18:32 h | Atualizado em 20/11/2023, 19:01 | Autor: Franciano Gomes
Maior festival de cultura e música negra do mundo, aconteceu neste sábado,18, e domingo,19
Maior festival de cultura e música negra do mundo, aconteceu neste sábado,18, e domingo,19 -

O segundo e último dia da terceira edição do Afropunk Bahia, maior festival de cultura e música negra do mundo, aconteceu neste domingo, 19, no Parque de Exposições, em Salvador. A festa começou no sábado,18, tendo como principais atrações Carlinhos Brown, Gaby Amarantos, Majur e a cantora internacional Victória Monet. Já no domingo, nomes como  Olodum, Alcione, Iza e Baiana System, eram os mais falados e esperados pelo público. 

Um dos cantores mais esperados da primeira noite, o soteropolitano Carlinhos Brown,  fez referência a sua carreira e trajetória, com canções que fazem parte do disco Alfagamabetizado, um dos mais importantes de sua carreira. Em coletiva de imprensa, Brown relembrou o quanto batalhou para que o povo negro tivesse um evento cultural do porte do Afropunk na Bahia.

"Eu clamava por isso, para a gente ter festivais assim, para que a cultura negra reagisse. Quem me conhece, sabe sou afropunk. E não é de agora. Quando gritei 'a namorada, tem namorada', gritei porque já não aguentava o escárnio como algumas amigas minhas da música, como elas eram tratadas. O nosso desejo é de reafricanização. Mas não é um processo de separação, mas de criação de um mundo novo, com futuro para o povo brasileiro",  afirmou o cantor. 

A cantora Gaby Amarantos também marcou presença e agitou a multidão no sábado, 18. Gaby cantou os principais sucessos de sua carreira e fez performances com ajuda dos dançarinos. Ela ainda celebrou a importância  de ter ganhado o Grammy Latino 2023, uma das premiações mais importantes do cenário musical. 

"É uma indústria racista, que não gosta de mulheres no poder, principalmente mulheres pretas, tem muita dificuldade. Mas a gente fura a bolha", disse a cantora, em discurso feito ainda no palco. 

No segundo dia, a festa teve abertura da DJ, Coreógrafa, dançarina e modelo, Lunna Montty. Ainda no palco, a artista falou da importância de marcar presença em uma iniciativa que visa a valorização e reconhecimento da cultura negra.

"Como travesti preta, da preferia, é meu direito estar aqui", disse a artista, que lançou passos em sincronia com a música eletrônica. 

O público era de todas as idades, gêneros e de todos os lugares, há aqueles que acompanham o evento desde o começo e quem estava indo pela primeira vez, como foi o caso da sanitarista, residente em saúde coletiva,  Maria Fernanda, que ressaltou a importância do evento para a comunidade negra e qual mensagem desejava passar com o seu look. 

"É a minha primeira vez no Afropunk. Mas eu acho que o evento é muito importante para a negritude brasileira, para marcar esse lugar de negro no Brasil, para marcar a nossa cultura, ancestralidade e o antirracismo. Como negros, somos a maior parte da população brasileira. Estamos aqui, vamos permanecer nesse país, apesar de estarem sempre querendo nos matar."  Declarou Maria. 

A fã da cantora Alcione, declarou a expectativa pela chegada da artista e ressaltou que seu look é inspirado na ancestralidade, com influências de sua personalidade, "e o branco, pra representar o meu axé."

Maria Fernanda montou o look influenciada pela sua ancestralidade
Maria Fernanda montou o look influenciada pela sua ancestralidade |  Foto: Franciano Gomes / Agência A Tarde
  

Já o psicólogo Jadson Sant'Ana foi acompanhar o  evento como um símbolo de resistência e aquilombamento, tendo o povo africano como inspiração principal, para montar a sua fantasia.

"O meu look é inspirado no povo africano, vem de uma resistência, quanto mais colorido melhor. As cores representam o povo e cada parte de  todas as regiões  da África."

Para Jadson Sant'Ana, as cores de sua roupa, representam a cultura do povo africano
Para Jadson Sant'Ana, as cores de sua roupa, representam a cultura do povo africano |  Foto: Franciano Gomes / Agência A Tarde
  

Além de moda, estilo, música e muita diversão, a noite também trouxe um acontecimento que deixou todos preocupados, durante o show da cantora Iza, foi registrado um foco de incêndio dentro do espaço do evento, a cantora chegou a interromper o show para solicitar que os fãs ficassem distantes das chamas, que não afetaram as estruturas dos palcos. 

Por meio de nota, a organização do evento informou que o incêndio foi registrado por volta de 22h40, em um ponto de alimentação isolado, que fica localizado próximo à entrada do espaço. 

Equipes do Corpo de Bombeiros teriam controlado rapidamente o incêndio e não houve ninguém ferido na ocorrência.

A programação do Afropunk seguiu sem maiores transtornos, encerrando a noite, com show da banda Baiana System. 

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